O Controle do Risco

O CONTROLE DO RISCO. POR FRANK BROWN

 

A segurança em vôo depende de um delicado equilíbrio entre o fator de risco e os elementos que dispomos para controlá-lo. As correntes que garantem a nossa segurança.

Quando estamos em vôo, não estamos atados apenas a nossa vela através das linhas, estamos atados também, metaforicamente, a nossa segurança, por
correntes, que são os elementos de controle de risco, estes, são os nossos recursos para evitar os acidentes e suas conseqüências.
Estas correntes são representadas mais ou menos grossas dependendo da sua potencial eficácia.

Os Pesos (fatores que aumentam o risco). O risco pode ser assimilado por um esforço que solicita as correntes, as quais rompem quando se supera seu limite. O fator de risco é representado por pesos maiores ou menores, indicando a sua importância.

 

Se a carga de risco não supera a resistência das correntes, o sistema está em equilíbrio, ou seja, voasse em condições seguras. Então elementos que dispomos para controlar o risco são suficientes para se evitar um acidente.
Por algum motivo podemos ter uma ou outra corrente rompida, mas não a maioria, senão o sistema se desestabiliza e ocorre o acidente, É importante se ressaltar que um acidente não ocorre normalmente por apenas um motivo, e sim por vários eventos em conjunto, ou seja, por vários erros sucessivos do piloto.
Para se garantir um vôo seguro, precisamos de:

1) Prevenir a sobrecarga do risco, evitando a presença de pesos (fator de risco):

 

Exemplos de fatores de risco são:

  1. a) A novidade:

¨ Vôo efetuado pela primeira vez.

¨ Vela nova.

¨ Selete nova.

¨ Local novo

¨ Mais de uma coisa nova por vez…

 

 

  1. b) Condição meteorológica:

¨ Decolagem sem vento ou de cauda.

¨ Vôo em condições turbulentas (térmicas fortes, rotores de montanha ou de

outros parapas)

¨ Vôo em dias com nuvens com crescimento vertical ou que possam chover

¨ Vôo sob chuva

¨ Vento forte

¨ Pouso em áreas onde o vento não está muito bem definido por ser rotor ou ter térmicas.

 

  1. c) A geografia do local

¨ Decolagem de: falésias, áreas de rotor ou pouca área de escape, (no caso de vento forte), precipícios.

¨ Área de decolagens curtas,

¨ Zonas com poucas áreas de pouso ou que sejam restritas por fios, cercas,

árvores etc.

¨ Montanhas que não perdoam colisão, como paredões de pedra.

¨Montanhas que captam muita energia e geram térmicas localizadas fortes (santa de GV)

 

  1. d) A conduta de vôo:

¨ Reduzida margem de distancia de montanhas ou outros pilotos.

¨ Pouso na decolagem.

¨ Execução de acrobacias.

¨ Voar com equipamentos não homologados.

¨ Voar nos limites de velocidade da vela, próximo da velocidade de estol ou na

velocidade máxima em condições pouco estáveis.

¨ Não aplicar a regra de sempre saber onde vai estar no próximo minuto!

(planejamento do vôo)

  1. e) Situação psico-fisiológica do piloto:

¨ Voar em situação crítica emotiva como: Campeonato, problemas familiares,

Saúde, dinheiro.

¨ Super determinação de atingir uma meta.

¨ Voar indisposto fisicamente como: Ressaca, fossa, indigestão, dor de

Cabeça, gripe forte, muito cansado etc.

¨ Se influenciar por uma rampa cheia de gatinhas e espectadores ou, principalmente repórteres… A danada da vaidade!

2) Dispor de muitas correntes e robustas é a melhor maneira de se prevenir, ou seja, dispor de eficazes elementos de controle de risco.
Estes elementos de controle de risco são:

  1. A) Consciência:

Este é um elemento fundamental, se falta consciência, falta a capacidade de se avaliar e interpretar os elementos de risco, o piloto se vê exposto inconscientemente a situações que não conhece, e não vai saber como agir.

 

  1. B) A experiência:

Para se conhecer bem, há de se haver provado. A construção da experiência é bem lenta e deve-se ter muita paciência e consciência de que se leva tempo até atingir a maturidade.
A experiência e consolidada com o tempo de vôo, horas voadas, locais diferentes, condições e equipamentos diversos testados.
Nunca queira aprender sozinho, sem a presença de um instrutor qualificado ou pilotos confiáveis, não peguem, por exemplo, os primórdios do vôo.
No nosso esporte, nos temos de ter consciência que a vaidade é o pior pecado que normalmente temos de pagar muito caro.
Não podemos deixar a nossa habilidade evoluir sem conhecimento, pois você pode ser a pessoa mais capacitada do mundo que não conseguirá dominar a situação.
Cuidado com as pessoas destemidas. Ela pode estar mergulhada na vaidade e pode levar várias pessoas para uma situação muito perigosa.
A fórmula é nunca querer aprender só, é muito fácil se cometer uma sucessão de erros antes que sua experiência seja consolidada.

 

  1. c) Uma boa relação homem-máquina:

Quando se voa numa vela superior ao seu nível, reduz- se muito a eficácia de sua experiência, diminuindo muito os elementos de controle de risco e aumentando o fator de risco.
E para piorara a situação, seu rendimento geral cai… você perde a confiança em você e no equipamento, resultando em mais um voador aposentado!

  1. d) A prevenção:

¨ Cuidado na manutenção do equipamento.

¨ Cheque cuidadoso antes de se voar.

¨ Estudo da região onde se vai voar.

¨ Saber como pilotar ativamente a vela

¨ Segurança passiva… Air bag, bota, protetor de coluna, capacete reserva

Etc.
¨Fazer um SIV

 

As correntes que dispomos no início de nossa atividade como voadores, são poucas e muito frágeis, a melhor maneira de nos prevenirmos e diminuindo os pesos (fator de risco).
A confirmação do perigo que iniciantes passam é de que 63% dos acidentes acontecem com pilotos com menos de 50 vôos (estatística da Itália).
Um grande piloto usa seu grande conhecimento para não ter de usar sua grande habilidade com muita humildade!
Afinal de contas estamos lidando com a natureza, que é de origem imprevisível e caótica!

 

 

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