DE OLHO NO CÉU. EXTRAÍDO DA REVISTA CROSS & COUNTRY – JUNHO/JULHO DE 1999
Quando temos uma boa quantidade de cumulus de bom tamanho, pode-se esperar que pelo menos metade das nuvens tenha alguma ascendência quando você as alcançar. Aqui vão algumas sugestões para pilotos de cross country que procuram sustentação nestas nuvens.
Uma pesquisa mostra que debaixo alguns cúmulos, somente 10% do ar contêm ascendência útil.
A nuvem ideal está longe de ser rara e a maioria dos pilotos sabe como ela deve ser. Tem a base chata, topo bem definido com voltas arredondadas sem repuxos as falhas, parecendo-se com um triângulo eqüilátero. Não é nem muito alta nem muito chata e são bem distribuídas como árvores num pomar. Para conseguir estes cúmulos ideais é necessária uma instabilidade moderada, ar relativamente seco e vento vertical com poucas falhas.
Na maior parte do verão temos que nos contentar com um tipo mais inferior de nuvens e aprender a tirar o melhor partido delas.
A VIDA DE UM CUMULUS
Alguns pilotos têm uma idéia exagerada da duração de uma térmica. É bom estar ciente do tempo de vida de um cúmulo; pois alguém pode ficar numa má posição ao esperar tempo demais numa térmica fraca, planeando saltar para outra nuvem com melhor aspecto depois de ganhar altura. Na altura em que você finalmente se mover, a próxima nuvem já pode estar em fim de ciclo de vida.
OS CÚMULOS TÊM SEMPRE MELHOR ASPECTO VISTOS DE LADO
Se você olhar outra vez para a nuvem fraquinha que acabou de deixar para trás, ela deve parecer melhor agora! Possivelmente, isto se deve ao fato de ela ter recebido uma nova injeção de térmicas desde que você saiu dela. Fique atento; muitos cúmulos parecem melhores vistos de lado do que por baixo. Algumas nuvens supostamente bem formadas têm uma boa aparência à distância; mas quando você chega por baixo delas, acabam sendo algo bem decadente. Entretanto, se a sua última nuvem perdeu toda a sustentação antes de você deixá-la, vai estar provavelmente a solar em farrapos quando você olhar para trás.
É comum pufs efêmeros ou mechas brancas aparecerem bem acima de uma forte inversão e desaparecerem num minuto. Na altura em que você as avista a térmica já terá acabado. Com sorte haverá outra logo em seguida. Entretanto, se o puf se formar logo por baixo da inversão (onde o ar é mais úmido) normalmente indica uma nova térmica que durará o suficiente para te dar uma boleia.
Cúmulos altos e alongados quase sempre têm vida curta. Estas “nuvens relâmpagos” formam-se em cinco minutos ou menos e se dissolvem dois minutos mais tarde.
Cúmulos com uma forma quase triangular têm um tempo de vida moderado; muitas parecem viver por dez ou quinze minutos, mas podem ser reavivadas por novas térmicas. Quando isto acontece você poderá observá-las começarem a decair e serem realimentadas com uma nova forma.
Cúmulos que formam uma linha normalmente são uma série de pequenas torres, lado a lado e podem durar meia hora ou mais, especialmente se formaram sobre a linha de uma montanha com uma encosta ensolarada.
O QUE CONTROLE O TEMPO DE VIDA DE UM CÚMULO
O tempo de vida depende de:
- A massa de ar da nuvem e a quantidade de térmicas que continuam a reavivá-la. Quanto maior uma nuvem se torna, mais ela demora em se dissipar, mas irá tornar-se quase inerte no final da sua vida.
- Quão seco está o ar à volta. A evaporação é lenta no ar úmido, então a cúmulos demoram a evaporar. Em contraste, cúmulos que penetram no ar muito seco (normalmente encontrado acima da inversão) dissipam-se muito rapidamente.
De manhã, dificilmente há uma grande reserva de calor para formar térmicas. Como resultado as nuvens recebem apenas uma ou duas térmicas. A pobre nuvenzinha fica faminta de energia e logo desfalece.
De tarde, os cúmulos são normalmente alimentados por várias térmicas, então o seu tempo de vida é maior. Filmagens do tempo de vida mostram que estas nuvens são mantidas por vários novos reavivamentos. Qualquer térmica tem uma vida curta, mas o efeito geral é produzir uma nuvem de tamanho moderado com uma vida de 15 a 30 minutos.
No 1º minuto, poucos segundos após a formação dos pufs. Se você está por perto esta é a nuvem para a qual se deve dirigir, porque a térmica está nova e forte. No 3º minuto, uma segunda térmica surgiu para produzir outros pequenos cúmulos por perto. Normalmente aparece do lado do vento. No 6º mostra a térmica torna-se dominante e gera uma nuvem mais alta. No 9º minuto esta torre alta curva-se com o vento e talvez forme um anzol ativo. Enquanto isso acontece, uma nova térmica já produziu outra célula, às vezes com um pequeno degrau entre as duas bases. O 12º minuto mostra os primeiros sinais de degeneração. Ganchos, dentes pontiagudos e pufs esfarelados são normalmente sinais do vento seco a passar pelo topo da nuvem e evaporando as bolhas arredondadas em fiapos espaçados. O último estágio antes da nuvem desaparecer acontece quando todos os sinais de cúmulos já desapareceram deixando uma massa esparramada apenas com descendentes por debaixo dela.
NUVENS DE VIDA LONGA
Um Cumulonimbus larga o bastante para produzir uma chuva substancial e pode crescer até a maturidade em meia hora, e (se nenhum fornecimento aparecer) irá esfarelar-se logo em seguida. CB´s são monstros que desenvolvem “supercélulas” e não dependem apenas de uma térmica individual. Estas nuvens formam-se num tipo de corte de vento que separa a ascendência quente e úmida da descendência fria e molhada. A sustentação torna-se um processo contínuo como uma esteira transportadora vertical. No topo torna-se horizontal, assim que encontra um vento mais forte que sopra o ar dando-lhe o formato de bigorna. O vento forte funciona como um exaustor jogando fora o ar ao invés de deixá-lo afundar em descendente. (Mas ainda existem áreas com descendentes ferozes em algum lado!) Como resultado, estes monstros têm um tempo de vida de várias horas; elas podem continuar noite adentro e seguir em frente mesmo que a tempestade se movimente em direção ao mar.
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