Térmicas e sua forma – Por FRANK BROWN
A forma que a térmica se apresenta varia muito com a sua intensidade e a força do vento, podendo ir de colunas bem comportadas, passando por bolhas rolantes e ate as “ondas”. Uma térmica possui basicamente três fases básicas, sua formação, maturidade e colapso. Estas fases podem alternar se numa mesma térmica, isto acontecerá quando ela encontrar uma inversão ou um cisalhamento, por isto é super importante identificar estes fenômenos quando acontecem. Em cada fase da térmica ela apresenta uma forma básica, na fase de formação, as bolhas pequenas se tendem a agrupar, com derivadas não muito definidas; Na fase de consolidação, a derivada é mais continua , sendo mais fácil a centralização, principalmente com o GPS; Na fase em que ela se dissipa se mande! A não ser que tenha um bom motivo para ficar no zerinho derivado. E difícil generalizar como é a forma de uma térmica, como ela sobe, onde é mais forte e quando vai parar ou ficar mais forte, portanto não desanime, é ruim para todos! Uma térmica é de natureza caótica, obedecendo a leis de princípio turbulento.
Para se ter um bom rendimento numa térmica é preciso muita experiência para se adaptar as suas manhas, uma das maneiras mais práticas é se usar a técnica dos urubus e a regra da inclinação.
Algumas das formas de térmicas que consigo generalizar são:
– Forma de cortina (forma básica para quase todas elas)
– Forma de arvore, com raízes sem copa
– Forma de coluna
– Forma de ovo frito
– Forma elíptica
– Forma de onda.
– Forma de bolha na água.
Muitas destas formas estão presentes numa mesma térmica, ela vai mudando de forma de acordo com as variações de direção de vento, inversões, altura, presença de outras térmicas próximas, ciclos etc.
Cada uma delas se comporta de uma maneira peculiar, e para termos melhor rendimento temos de nos comportar de maneiras diferentes. Muito importante é que alguns padrões tendem a se repetir, por exemplo:
– As inversões, ou seja, o ponto onde a térmica se quebra.
– A tendência da deriva, contra ou a favor do vento, neste caso muita atenção com os ciclos, que vão ajudar a definir esta tendência.
– A intensidade da térmica
– O tamanho das bolhas, colunas ou qualquer outra forma identificada.
Ou seja, adapte seu método de centragem constantemente de acordo com a condição.
Inversões e cisalhamento
Uma inversão é a mudança do fator de resfriamento do ar, em relação ao aumento da altitude. Normalmente o ar resfria a uma taxa de 1 grau a cada 100 metros (D.A.L.R.), quando esta taxa muda, ao ponto da temperatura até esquentar com uma maior altitude, dizemos que estamos tendo uma inversão térmica. Praticamente o que sentimos é uma perda de força da ascendente, podendo esta quebrar-se e parar de subir ou ir subindo bem lentamente.
Algumas vezes conseguimos ultrapassar a inversão e continuar subindo, porém devemos avaliar se será mais vantajoso aproveitar a fase doce da térmica. Às vezes podemos identificar a inversão como uma faixa nebulosa a certa altitude. Quando estamos subindo numa termal e sentimos que em certo momento ela parece se esfacelar, pode não ser uma inversão e sim uma camada de cisalhamento, ou seja, uma camada onde o vento está mudando de direção. Devemos ficar muito atentos a este tipo de efeito, pois podemos ter grandes variações de direção, ou ter uma faixa de convergência; com isto podemos ser muito mais eficientes. Há ocasiões onde existem várias zonas onde a razão de resfriamento do ar muda, assim como a direção do vento. Algumas destas zonas estão abaixo de certa altitude, o importante é tentar não ficar abaixo desta faixa.
Um fato interessante é que por causa de um destes efeitos descritos acima, temos térmicas que não saem do chão e sim de certa altitude. Então muito importante é escolher uma melhor faixa de altitude para se trabalhar.
Centragem
O mais importante é que em cada região, em cada dia ou hora, existem padrões de térmicas que se repetem. Identificar o padrão da térmica onde você está é importantíssimo, e para cada um destes padrões temos de ter estratégias especificas para poder subir mais eficientemente. Por exemplo, girar rapidamente a favor do vento ou rápido contra o vento, passar pelo primeiro miolo e enroscar no segundo, derivar mais ou menos, rodar em apenas meia térmica, forçar para um dos lados da térmica, etc.
Duas regras principais para subir muito rápido: faca um mapa mental da térmica, usando referências geográficas, GPS e o vario para saber exatamente onde esta e qual a taxa de subida da térmica; e lembre-se de sempre pesquisar, sempre procure para onde a térmica foi, e onde está o centro mais forte, não ache que você é um gênio, que centrou rapidamente e esta tudo bem.
Sobe mais rápido quem se adapta constantemente as mudanças da térmica, quem acha o miolo quando ele muda de lugar, todos sobem muito bem em térmicas grandes e definidas.
Princípios básicos
O ideal é que já tenha um padrão aproximado da estrutura da térmica, que para determinar, você voou nos dias anteriores, observou outros voadores e decolou cedo para testar a condição, já feito isto fica muito mais fácil centrar.
- Encontrou sinal da térmica, tenha em mente o tamanho da área de perturbação, deixe penetrar na melhor parte, gire contra o vento, se trombar diretamente numa parte forte, gire no sentido contrário da tendência provocada pela térmica, mantenha se dentro da termal, fique girando, mentalize o tamanho do miolo, sua intensidade, e sua localização, usando referências geográficas e GPS;
- Pesquisa do centro, do tamanho e da deriva da térmica, fazendo um 270º + 360º, dependendo do padrão da região, não vale a pena pesquisar;
- Otimização da taxa de subida usando regra da inclinação, tática do urubu e GPS;
- Repetir fases anteriores;
- Determinar a parte “doce” da térmica, em função dos dias anteriores, de outros voadores, e a sua taxa de subida.
- Neste ponto sempre pense em Mc Ready e speed to fly, hora de sair da térmica.
A quinta e a sexta fase têm de serem usadas em todas as fases térmicas e quando possível nas transições, observando outros voadores. Lembre-se que para ser eficiente numa térmica é muito importante que você seja suave dentro dela, o ideal aerodinamicamente é que você mantenha uma inclinação o tempo todo, porém isto é muito difícil. Tente achar um ponto ideal entre correções, sua taxa de subida e a procura de um centro melhor.
Tudo isto tem de ser feito de olhos bem abertos, pois se ver alguém subido mais que você, não hesite em abandonar sua termal, por mais forte que ela seja. Os padrões de uma térmica se repetem como tempo do ciclo, local do gatilho, altura da base, intensidade, lado melhor, tamanho e forma.
As térmicas na maioria das vezes são cíclicas, isto significa que você pode estar fazendo tudo certo, mas no momento errado, muita atenção nos ciclos.
Regra da inclinação
Lembre-se que trabalhamos com uma grande defasagem entre nosso comando e a reação da vela, portanto pensem sempre alguns segundos antes do seu comando. Taxa de subida aumenta, então diminua a inclinação da curva. Taxa de subida diminui, então aumente a inclinação da curva.
Métodos de centragem usando o GPS
O GPS foi uma das invenções que mais me auxiliaram no vôo, a ponto de que se me perguntassem qual aparelho eu escolheria como mais importante, seria o GPS. Neste tópico falarei apenas de métodos de Centragem usando este aparelho, mais a frente veremos outros usos. Quando estiver voando, é imprescindível que voe com o GPS no modo de gravação de trilha no automático, e visualizando a tela, num tal ponto que consiga ver pelo menos umas cinco voltas que você traçou na térmica, estas trilhas que deixamos, mostram vários detalhes da térmica que nos auxiliam muito.
Cizalhamento e diferentes direções de vento nas camadas e em diferentes regiões, bolhas se unindo, inversões, térmica se dispersando (ciclo acabando)
térmica aumentando de intensidade (ciclo iniciando), melhores rotas para cruzar linhas, como voltar para a térmica.
Centragem
Para centrar usando o GPS, o principal fator é ver as trilhas em que se está voando, e tentar supor como será o padrão destas trilhas. Obtendo este padrão, basta segui-lo.
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